quarta-feira, 30 de maio de 2012

Resenha do livro “Os Corumbas” de Amando Fontes.


Resenha do livro “Os Corumbas” de Amando Fontes.
*Gladston Oliveira dos Passos


Lançado em julho de 1933, o livro “Os Corumbas” foi escrito por Amando Fontes (advogado, jornalista e deputado estadual em 1946). Além dos Corumbas, Fontes escreveu outro livro: Rua do Siriri. Mesmo escrito em 1933, Os Corumbas perdura como uma história atual, onde o trabalhador se esforça, porém continua na mesma miséria. O romance de Amando Fontes teve aprovação unânime ao ser publicado, a narrativa conta a história da família Corumbas, que se deslocam do povoado Ribeira, localizado no interior de Sergipe para Aracaju, a saída dos Corumbas para Aracaju, ocorre devido a seca de 1905 e com a baixa do açúcar que veio agravar mais a situação.
“Os usineiros e senhores de engenho reduziram à metade o jornal da sua gente e passaram a pagar a tonelada de cana por tal preço, que nem valia à pena plantá-la”
(FONTES, 1979, p. 9-10)
A ideia de sair do pequeno povoado partiu de Sá Josefá, esposa de Geraldo do Corumba; Sá Josefá acreditava que na capital tudo iria melhorar.
“Na capital, havia emprego decente para as duas meninas mais velhas. Era nas fábricas de tecidos. Estavam assim de moças, todas ganhando bom dinheiro... Pedro não custaria em conseguir um bom lugar, como ferreiro ou maquinista... Uma outra vida, enfim.”
(FONTES, 1979, p. 10)
Os sonhos de Sá Josefá, ao longo da narrativa são engolidos pelos efeitos perversos da vida na cidade. O romance de Amando Fontes é dividido em três partes. A primeira se passa em Ribeira, e narra a história do agricultor Geraldo Corumba, que se apaixona por Sá Josefá (meio loira, os olhos claros e fulgentes) conhecida como “ a flor da casa” Ao fim de dois anos eles se casaram, viveram dezessete anos na Ribeira e tiveram cinco filhos, quatro moças e um rapaz; Antes de migrarem para a capital, todos trabalhavam.
“Uma das raparigas chegava a fazer quatro mil réis por semana, como botadeira de cana na moenda, a mais velha se ocupava em ralar a mandioca de todos os roceiros do lugar, recebendo, como paga, entre dez a quinze litros de farinha preparada. O rapaz, que exercera já uma meia dúzia de empregos, servia agora como auxiliar do maquinista do Engenho. Até as duas menores sempre faziam alguma coisa, ajudando em casa ou na roça”
(FONTES, 1979, p. 9)

Porém com a vinda da seca, e o declínio da produção canavieira, a família Corumba parte para Aracaju, a partir daí, inicia a segunda parte do romance, onde se desenvolvem os elementos centrais da narrativa, mostrando a família situada há algum tempo na capital. O filho Pedro, jovem de dezoito anos, cabelos alourados, trabalhava como ajudante de torneiro nas oficinas de Estrada de Ferro, situadas muito longe, no bairro do Aribé, hoje conhecido como Siqueira Campos. As duas filhas mais velhas, trabalhavam, assim como Geraldo, na fábrica de tecidos. Albertina, segunda filha do casal, morena clara, olhos negros e vivos, um grande corpo bem feito e Rosenda, a mais velha de todas, morena, cabelos pretos escorridos, o rosto pontilhado de espinhas, baixa e grossa. A jornada de trabalho é discutida por Fontes contemplando as diferentes percepções das personagens à exploração da força de trabalho barata nas fábricas de tecido.
“Dentro daquela ondulante massa humana movia-se uma rapariga muito branca, de treze anos apenas. Era um frangalhozinho de gente, delgada como um vinte, a carne, de tão sem sangue, transparente, os lábios arroxeados de frio, chamava-se Clarinha e servia, como ajudante, na seção dos teares da Sergipana, venando o ordenado de quatrocentos réis por dia”
(FONTES, 1979, P. 21)
As esperanças dos Corumbas estão depositadas todas na escolarização das duas filhas mais novas (Bela e Caçulinha).
“Sentada no batente da porta do quintal, Caçulinha estudava, muito atenta, a sua lição lia em voz alta, convencida de que assim decoraria mais depressa. Era uma garota de onze anos, olhos claros, cabelos castanho-loiros, branca rosada. Tudo isso e mais o catinado de sua pele, as suas mãos feias e belas, davam-lhe certo ar de superioridade e destaque no meio pobre em que vivia. Constituía o enlevo e a alegria dos dois velhos. Era, mesmo, a máxima esperança deles. Porque, aquela, não levaria a dura vida das irmãs, arrastando sacrifícios e impossíveis, haveriam de fazê-la normalista e professora, para ter quem lhes fosse um amparo no extremo da velhice”
(FONTES, 1979, p. 23- 24)
Rosenda, a filha mais velha conhece um rapaz:
“Chamava-se Inácio dos Santos. Era mulato disfarçado, de compleição hercúlea, altura média. Tinha os cabelos duros e cresados, cuidadosamente repartidos bem no meio da cabeça, olhos baços, raiados de sangue na esclerótica, nariz grosso. A boca, continuamente arregaçada, num riso cínico e desdenhoso, deixava à mostra dois largos dentes de ouro”
(FONTES, 1979, p.38)

O namoro do Cabo Inácio com Rosenda não era aprovado pelos pais. Diante disso, e do rancor que Rosenda tinha por viver dessa forma, decide então fugir e abandonar a família. Pedro inicia uma amizade com um intelectual (José Afonso) que lhe introduz textos de Lênin e Pedro acaba se tornando comunista, se junta a um grupo de revolucionários e provoca uma grave geral na capital, os grevistas foram presos e deportados para o Rio de Janeiro. A partir daí, Sá Josefá coloca Bela para trabalhar na fábrica para ajudar as despesas da casa, porém Bela, sempre foi fraca de saúde e assim que adentra nas fábricas a sua situação piora.
“Bela deixou o serviço às duas horas e dirigiu-se logo para caras, queixando-se de fortes dores pelo corpo, as mãos e as faces escaldantes, uma tosse seca e impertinente a torturá-la”
(FONTES, 1979, p.80)
Bela passa um mês sem trabalhar e Caçulinha sugere a mãe que também comece a trabalhar nas fábricas porque ela não tem roupas, com a situação financeira precária, Caçulinha começa a trabalhar na fábrica, passado alguns dias Bela chega a falecer.
“Houve lágrimas, mas foi uma dor tranqüila, sem lamentações nem desesperos, sentiam, mesmo, uma espécie de alívio por causa deles. Mais pela que se fora, pois descansava, afinal”.
(FONTES, 1979, p. 104)
Desde que Bela estava doente,  Albertina se engraçava com o Médico que cuidava de sua irmã, conhecido como Fontoura e acabou seguindo o mesmo rumo da sua irmã.
“Era a segunda filha que viam a prostituição arrebata-lhes. Porém, dessa vez, a impressão da desonra lhes foi muito mais viva e acubrunhante. Se Rosenda fugira, fizera-o com um homem de condição igual à sua. Isso se dava a cada instante. Poderia acontecer a todo mundo. De relação à Albertina, no entanto, fora bem diferente o que se dera. Ela havia deixado a casa de seus pais para sair em companhia de um ricaço. Certo, entre eles nunca teria sido levantado a hipótese de algum dia se casarem, o interesse, portanto, apenas o desejo de se vestir melhor, trabalhar menos, tinham-na arremessado aos braços dele..”.
(FONTES, 1979, p. 123)




Porém, Fontoura sentiu-se cansado de Albertina e abandonou-a, ela acabou se mudando para a Rua do Siriri, principal centro de prostituição. Depois de seis meses da greve que havia acontecido na capital, Pedro havia mandado uma carta para seu pai onde dizia:
“Agora estou trabalhando na Gazeta, foi o único jornal que me aceitou, depois da greve que eu já mandei contar em outra carta. Tive de me sujeitar a um ordenado de esmoler”.
(FONTES, 1979, p.142)
Caçulinha, que havia ido trabalhar na Fábrica para ajudar nas despesas de casa, começou a namorar com o Sargento Zeca, durante muito tempo, ele iludia Caçulinha com falsas promessas de casamento, os dois ainda noivaram, porém não passou disso, Caçulinha ficou pressionando Zeca para se casar, mas isso não ocorreu, Zeca tirou sua virgindade e acabou não casando com ela. A fábrica não aceitava as mulheres que trabalhavam na seção do escritório, que não tivessem vida honesta, Caçulinha junto com sua mãe chegou a ir à delegacia, porém Zeca teve uma prisão preventiva. A partir daí, a única solução de Caçulinha foi ficar com um homem casado e sair de casa, esse fato finaliza a segunda parte.
Na terceira e última parte do romance, Sá Josefá vai visitar Caçulinha e informa que voltara a morar na Ribeira junto com Geraldo.
“Há seis anos tinham vindo, tão cheios de esperança... A cidade, com o ganho das fábricas, o casamento para as meninas, o professorado de Caçulinha, fora tudo ilusão, que por água abaixo descerá. Melhorar?... Não o conseguiram nunca. Perderam mesmo, o único bem que possuíam: os filhos, desgarrados por esse mundo, a outra morte, afastados de todos do seu convívio...”.
(FONTES, 1979, p. 171)
           
Portanto, o que vale ressaltar na história de Amando Fontes é o meio social utilizado na sua obra, como um espaço de injustiça, opressão e ubiqüidade, tudo isso é englobado na vida dos Corumbas, na esperança de melhorar de vida, sofrem com as condições impostas pela modernização que busca uma civilização voltada para o progresso.

*Acadêmico do curso de História Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe.

Fonte da imagem : www.google.com.br

Relatório do seminário sobre alimentos e manifestações culturais tradicionais


Relatório do seminário sobre alimentos e manifestações culturais tradicionais

 
*Gladston Oliveira dos Passos


 
Do dia 21 a 23 de maio de 2012, foi realizado o I seminário sobre alimentos e manifestações culturais tradicionais na Universidade federal de Sergipe, o objetivo do evento foi refletir sobre os desafios que estão sendo vivenciados para a manutenção da produção de diversos alimentos tradicionais e de outras manifestações culturais na contemporaneidade, como também discutir o papel da pesquisa e do ensino a partir de novas metodologias e da valorização desta temática como objetos de estudo, compreendidos como essenciais nas últimas décadas.
                No primeiro dia do evento, coordenado pela Prof.Dr. Sônia de Souza Mendonça Menezes, aconteceu à solenidade de abertura, com o Prof.Dr. Genésio José dos Santos (chefe do departamento de geografia), Cristiane Alcântara (coordenadora do núcleo de turismo) José Aluísio da Costa (coordenador da pós graduação de geografia) Antônio Carlos (Professor e presidente da ADUFS) e Sônia, que já foi citada. Houve os agradecimentos, logo depois a Prof. Sônia falou sobre a criação do GRUPAM, e a dimensão do evento, que começou como um evento local e tomou uma dimensão nacional, foram enviados mais de setenta trabalhos para o evento.
                Logo em seguida, foi iniciada a conferência, com o tema: O papel da pesquisa e do ensino na valorização dos alimentos e demais manifestações culturais tradicionais na contemporaneidade, a conferencista foi a professora Dr. Da UNB ,Ellen fensterseifer Woortmann, Ellen iniciou sua fala com o rigor e a rigidez na pesquisa, para ela é preciso manter o rigor da pesquisa, porém trazer contribuições de outras áreas, havendo uma profundidade de produção. Ellen abordou as práticas alimentares que estão em desuso, pois muita das vezes a matéria prima não existe. As festas foi outro aspecto citado, onde as mesmas podem ser utilizadas como objeto de pesquisa, ela deu exemplo da festa do reisado e retomou a dimensão da pesquisa, através da dinâmica de produção e o papel a desempenhar.
                No segundo dia, o professor Dr. Antônio Lindvaldo abre as atividades da manhã apresentando os palestrantes. O tema do segundo dia foi: O alimento como manifestação cultural e reprodução social e econômica nos territórios. A primeira a falar foi a professora Dra. Em geografia da Universidade estadual da Bahia Luzinete Carvalho Dourado que tratou da relação do território com os alimentos identitários na produção de uma cultura, os impactos imateriais  da globalização, foi abordado o ciclo natural da caatinga, estação seca\chuvosa  e o problema das políticas públicas para esse ciclo, a caatinga não pode ser compreendida  só como um espaço feio e seco, Após as considerações finais, a segunda palestrante foi Fabiana Thomé da cruz (engenheira de alimentos e doutoranda em desenvolvimento rural da UFRGS) que citou o processo de industrialização como principal fator na mudança de perfil dos alimentos produzidos artesanalmente, como também causou um aumento da contaminação, ela abordou o consumo e produção de produtos artesanais quanto a sua valorização, os saberes e fazeres desses produtores. A terceira palestrante foi Maria de Fátima farias de lima (mestre em sociologia pela UFC e pesquisadora do núcleo de pesquisa cultura e memória e do memorial da cultura cearense), de início ela passou um vídeo do projeto comida Ceará, os municípios pesquisados, técnicas culinárias etc... Ela atua no projeto comida Ceará, na área de memória e explicou os objetivos do projeto. Abordou os desafios da pesquisa de campo como o deslocamento, diversidade de contexto etc... Logo depois foi aberto o debate, uma das questões foi a lógica do desaparecimento de certas comidas tradicionais e o valor histórico que elas perpassam aos indivíduos.
                O terceiro e último dia do evento, foi iniciado com o coordenador Christian Jean- Marie Boudou se juntou a mesa com a presença : Célia Sales, Rosangela Pizza Cintrão, Maria Mundim Vargas e Claúdia Marina Vasques, o tema do terceiro dia foi : As políticas e os movimentos de valorização das manifestações culturais no Brasil, a primeira palestrante foi professora Dra. Em geografia Maria Augusta Mundim Vargas e abordou as políticas públicas e  culturais na difícil interpenetração delas em questão ao patrimônio natural, patrimônio material, imaterial, falou da importância do IPHAN quanto a sua política de preservação do passado para a proteção do futuro. A segunda palestrante Claúdia Marina Vasques representante do IPHAN explicou a estrutura do mesmo, em separar as funções normativas em relação ao patrimônio material do imaterial. A terceira palestrante Rosangela Pizza Cintrão(doutoranda em desenvolvimento agricultura e sociedade da UFRJ) se apresentou e Cênia explicou o conceito de Slow Food que é uma organização gastronômica e falou sobre a importância da biodiversidade e dos produtos tradicionais na pluralidade de coisas e serem feitas, do umbu se fazia somente umbuzada, depois começou a fazer geléia, doce em calda, etc.. Logo em seguida foi realizado o debate e as considerações finais, finalizando o evento.

*Acadêmico do curso de História licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe.
Fonte da imagem :  http://eventogrupam.blogspot.com.br/

quarta-feira, 16 de maio de 2012

FICHAMENTO



                                                                                       *Gladston Oliveira dos Passos


JUNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba;In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37-40.

             

Arnaldo Pinto Júnior inicia o seu artigo com uma epígrafe de Sérgio Buarque de Holanda do livro Raízes do Brasil, que evidencia a implantação, ou pelo menos, a tentativa de implantação da cultura europeia no Brasil. Na introdução do artigo, Arnaldo desabafa acerca das ideias hegemônicas que circulam com desenvoltura em diversos meios sociais, porém sem um questionamento efetivo, pois para ele as singularidades individuais e coletivas de regiões desvalorizadas por uma história geral são extintas por concepções uniformizadoras. Essa história geral elimina as especificidades da história local e tornam as versões dominantes as únicas existentes.

            É a “morte” da história local que faz com que haja um distanciamento entre os alunos e os temas estudados em sala de aula, além da falta de contato entre sua cultura. Arnaldo utilizou aspectos como a construção de imagens fantásticas pela mídia ou pela indústria do entretenimento para reforçar esse distanciamento, ou seja, muitos alunos se sentem mais próximos das praias da “Barra da Tijuca”, das “Avenidas de Nova York”, do que dos lugares em que eles moram. Diante disso, Arnaldo esclarece o objetivo do seu artigo, que é discutir algumas práticas instituídas no ensino de História que reproduzem uma visão tradicional da disciplina, propondo uma abordagem que não esteja vinculada ao estudo histórico único e verdadeiro, ou seja, discutir as potencialidades da história local para o ensino fundamental e médio.

            Para Arnaldo, a elaboração de trabalhos históricos locais desmitifica teorias e conceitos 
universalizantes, destruindo visões homogeneizadoras. Esse trabalho ele só terá fundamento se tiver memórias locais, essas, enriqueceram as análises. A partir daí, Arnaldo utiliza Sorocaba, a sua especificidade, para apresentar uma proposta de ensino de história voltada para a recuperação das experiências vividas nesse município, e a modernidade da mesma como tema a ser discutido.
            A questão da modernidade em Sorocaba remete a um discurso da Manchester Paulista onde Sorocaba encontrava um atalho para um futuro promissor, pois o centro urbano era defendido pelas elites intelectuais e econômicas da época como um espaço de prosperidade, onde deveriam ser instaladas as novas técnicas industriais que seriam aplicadas para o “bem de seus habitantes” e para o conhecimento de São Paulo e do Brasil. Porém há contradições nesse discurso da Manchester Paulista industrial, empregadora, facilitadora de vidas, ela também reafirmou a discriminação dos negros e do trabalhador nacional das tecelagens da cidade, para manter as estruturas socioeconômicas e culturais do período imperial.
            Arnaldo ressalta que questionar os documentos em relação à modernidade sorocabana pôde revelar como esse discurso elitista foi introduzido e na prática de pesquisa, os alunos procurariam levantar documentos locais e as memórias de pessoas que vivem na cidade para cruzar as “evidências” encontradas durante o trabalho de busca. Os alunos envolvidos nessa pesquisa estariam aptos a observar o presente e o passado sem as “verdades” das representações definitivas.
           
 Na conclusão, Arnaldo acredita que o estudo da história local, a recuperação de suas memórias coletiva e o trabalho com documentos históricos podem favorecer o processo de ensino e aprendizagem, construindo outras formas de relação social dentro e fora da escola.

            Depois da análise do artigo de Arnaldo Pinto Júnior, pude perceber através das aulas “Temas de Sergipe II” ministradas pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa uma a proximidade entre Aracaju (objeto de estudo das aulas) e Sorocaba ambas possuem semelhanças. Assim como aconteceu em Sorocaba, os intelectuais de Aracaju influenciados pela Bela Époque implantaram um modelo de civilização baseado no desenvolvimento industrial, onde os índios e os negros não eram mão de obras qualificadas para o trabalho. Além disso, tornaram a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju, como uma mudança para o progresso, tornando Aracaju a cidade da prosperidade assim como o centro urbano de Sorocaba.



 Imagem retirada do site: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2006/ju318pag10a.html
* Acadêmico do curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Relatório do Seminário: Índios em Sergipe e Índios Xocó (Hoje)


Relatório do Seminário: Índios em Sergipe e Índios Xocó (Hoje)

Gladston Oliveira dos Passos*



Nos dias 19 e 20 de abril de 2012 foi realizado na Universidade Federal de Sergipe o primeiro seminário: Índios em Sergipe e Índios Xocó (Hoje), coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo de Sousa. O seminário teve como objetivo contribuir com a temática da história dos povos indígenas em Sergipe.

Às 19hrs do dia 19 de abril de 2012 foi iniciado o seminário, o Prof. Dr. Antônio Lindvaldo apresentou a comissão organizadora do evento, logo em seguida, às 19h e 20min, a primeira palestrante da noite entrou em cena: Beatriz Góes Dantas, uma pesquisadora que contribuiu na história indígena de Sergipe. Beatriz reuniu alguns Tópicos na sua palestra: A diversidade dos índios, a reconstituição do modo de vida Tupinambá, o projeto Colonial, as primeiras tentativas de catequese e o Desaparecimento dos Índios.

Às 20hs, o segundo palestrante Pedro Abelardo introduziu o tema “A catequese e a Civilização dos índios no Império, levantando questões como: o porquê da extinção dos aldeamentos. O último palestrante foi Whitney Fernandes, o objetivo da sua palestra foi identificar as reações dos Índios de Pacatuba durante o processo de usurpação e apropriação de suas terras. Depois houve o debate e o encerramento foi realizado por Marina Suzart e Leandro Sousa.

No segundo dia (20 de abril de 2012), Marcos Paulo Carvalho Lima, da comissão organizadora, deu início ao evento abordando as memórias dos Proprietários de terra em Porto de Folha e Índios Xocó, logo depois o Palestrante Avelar Araújo Santos Júnior citou o histórico da resistência indígena e o Processo de Organização do Movimento Indígena na primeira metade do século XX.

O último palestrante foi o Ex-Cacique da tribo Xocó, Apolônio Xocó que explicou de forma clara a luta do seu povo.

O encerramento aconteceu às 22h e 30min pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa e a comissão Organizadora.

*Acadêmico do Curso de História da Universidade Federal de Sergipe.

Relatório do Ciclo de Estudos: “O Sertão tem Histórias”

Relatório do Ciclo de Estudos: “O Sertão tem Histórias”


Gladston Oliveira dos Passos*

 O ciclo de estudos ocorreu nos dias 14 e 15 de abril de 2012, em Gararu e Porto da Folha, foi um evento onde ocorreram “aulas públicas” e visitas técnicas a lugares representativos da sociedade do couro (em destaques os currais de pedras e a história da igreja católica na localidade) no sertão sergipano e a situação dos índios ao longo do processo de expansão da sociedade do couro do domínio das terras dos índios nos arredores do rio São Francisco, o evento foi destinado a graduandos e graduados em história e áreas afins, coordenado pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Souza.

Igeja Senhor Bom Jesus dos Aflitos





 No dia 14 de abril de 2012, às 11h 25min, na igreja matriz do senhor Bom Jesus dos Aflitos foi iniciado o evento. Em 10 de abril de 1875, a capela do Senhor Bom Jesus dos Aflitos foi elevado à categoria de matriz.




Parte interna da igreja













 A igreja é um símbolo de romanização, com o coração de Jesus na frente da igreja simbolizando a dor, nela predomina o catolicismo penitencial do vaticano I, onde o pobre tem que sofrer, por isso fará com que ele tenha um pedacinho de terra no céu.

Curral de Pedras
Às 11h55min, foi visitado o Curral de Pedras do Senhor Pedro, na cidade de Gararu, os currais de pedra existem desde o século XVI, o proprietário (Seu Pedro) tem 80 anos de idade.



Seu Pedro
Os currais cercavam as lagoas no período de cheias, onde se produzia o arroz, esses currais foram elaborados de forma magnífica que atualmente ninguém consegue esquematiza-las da mesma forma, com a chegada da hidrelétrica de Xingó, a plantação de arroz declinou, pois a reserva retirava água do São Francisco, causando um prejuízo para o agricultor.
Curral de Pedras



Igreja Nossa Senhora da Conceição



Às 17h 25min, foi visitada a igreja matriz de Porto da Folha (Nossa Senhora da Conceição) diferentemente da igreja de Gararu, a igreja de Porto da Folha segue o catolicismo do Vaticano II, na igreja não ostenta riqueza nela há um painel pintado pelo Frei Juvenal Vieira Bomfim em 1970, a igreja não é sofisticada e não possui símbolos religiosos.





Painel da Igreja



 O painel é um exemplo disso, nele existe uma imagem onde uma mulher se encontra de costas para Jesus Cristo esse foi pintado de uma cor acentuada, ou seja, desmitificando a ideia de que ele é branco e tem os olhos azuis.


O altar não é um altar marxista, comunista. Além disso, a igreja foi construída aos poucos uma das torres foi construída em 1861 a outra só foi construída no ano de 1932.

Painel Aproximado















Quadrilha de Porto da Folha
Às 20h 30min, foi realizada a aula pública “O sertão tem histórias...”, no espaço Antônio Carlos do Aracaju, na Ilha de Ouro, ministrada pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Souza. A Escolha do tema é devido às pesquisas realizadas pelo professor e fazendo essas pesquisas, ele percebeu que existem falhas nos documentos utilizados pelo mesmo, diante disso, não é possível estabelecer uma única história linear, mas sim plena, porém não é fácil conta-la.

 Na aula foram abordados diversos aspectos: Formas de acesso a terra no sertão, a questão da terra devoluta, vínculos entre a mata e o sertão, forma comunal de apropriação de terras, como funcionava a economia sertaneja, o papel do negro na ocupação do sertão e a situação dos índios no início do século XIX. Logo em seguida, Antônio Carlos do Aracaju explicou sobre os currais de pedra e ao final da sua palestra, houve danças da quadrilha junina de Porto da Folha. Às 23hs, aconteceram atividades culturais na Ilha de Ouro, para o encerramento dos trabalhos.

Curral de pedra (Porto da Folha)
 No dia 15 de abril de 2012, às 9h e 32min, foram visitados os currais de pedra e às margens do rio São Francisco (Porto da Folha), às 10h e 15 min foi revisitado a ilha de ouro e às 15h e 40min a chegada à ilha de São Pedro – Aldeia dos Xocó, guiado pelo ex-cacique Apolônio Xocó.



Aldeia dos Xocó


Ex- Cacique Apolônio Xocó






Igreja de São Pedro
Às 16h e 47min foi visitada a igreja de São Pedro (dentro da igreja) onde ocorreu a palestra ministrada pelo ex- cacique Apolônio, ao terminar a palestra foi encerrado o evento com uma dança da tribo junto com o pajé.


Pajé e os Índios dançando




















*Acadêmico do curso de História, da Universidade Federal de Sergipe.