quarta-feira, 16 de maio de 2012

FICHAMENTO



                                                                                       *Gladston Oliveira dos Passos


JUNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba;In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37-40.

             

Arnaldo Pinto Júnior inicia o seu artigo com uma epígrafe de Sérgio Buarque de Holanda do livro Raízes do Brasil, que evidencia a implantação, ou pelo menos, a tentativa de implantação da cultura europeia no Brasil. Na introdução do artigo, Arnaldo desabafa acerca das ideias hegemônicas que circulam com desenvoltura em diversos meios sociais, porém sem um questionamento efetivo, pois para ele as singularidades individuais e coletivas de regiões desvalorizadas por uma história geral são extintas por concepções uniformizadoras. Essa história geral elimina as especificidades da história local e tornam as versões dominantes as únicas existentes.

            É a “morte” da história local que faz com que haja um distanciamento entre os alunos e os temas estudados em sala de aula, além da falta de contato entre sua cultura. Arnaldo utilizou aspectos como a construção de imagens fantásticas pela mídia ou pela indústria do entretenimento para reforçar esse distanciamento, ou seja, muitos alunos se sentem mais próximos das praias da “Barra da Tijuca”, das “Avenidas de Nova York”, do que dos lugares em que eles moram. Diante disso, Arnaldo esclarece o objetivo do seu artigo, que é discutir algumas práticas instituídas no ensino de História que reproduzem uma visão tradicional da disciplina, propondo uma abordagem que não esteja vinculada ao estudo histórico único e verdadeiro, ou seja, discutir as potencialidades da história local para o ensino fundamental e médio.

            Para Arnaldo, a elaboração de trabalhos históricos locais desmitifica teorias e conceitos 
universalizantes, destruindo visões homogeneizadoras. Esse trabalho ele só terá fundamento se tiver memórias locais, essas, enriqueceram as análises. A partir daí, Arnaldo utiliza Sorocaba, a sua especificidade, para apresentar uma proposta de ensino de história voltada para a recuperação das experiências vividas nesse município, e a modernidade da mesma como tema a ser discutido.
            A questão da modernidade em Sorocaba remete a um discurso da Manchester Paulista onde Sorocaba encontrava um atalho para um futuro promissor, pois o centro urbano era defendido pelas elites intelectuais e econômicas da época como um espaço de prosperidade, onde deveriam ser instaladas as novas técnicas industriais que seriam aplicadas para o “bem de seus habitantes” e para o conhecimento de São Paulo e do Brasil. Porém há contradições nesse discurso da Manchester Paulista industrial, empregadora, facilitadora de vidas, ela também reafirmou a discriminação dos negros e do trabalhador nacional das tecelagens da cidade, para manter as estruturas socioeconômicas e culturais do período imperial.
            Arnaldo ressalta que questionar os documentos em relação à modernidade sorocabana pôde revelar como esse discurso elitista foi introduzido e na prática de pesquisa, os alunos procurariam levantar documentos locais e as memórias de pessoas que vivem na cidade para cruzar as “evidências” encontradas durante o trabalho de busca. Os alunos envolvidos nessa pesquisa estariam aptos a observar o presente e o passado sem as “verdades” das representações definitivas.
           
 Na conclusão, Arnaldo acredita que o estudo da história local, a recuperação de suas memórias coletiva e o trabalho com documentos históricos podem favorecer o processo de ensino e aprendizagem, construindo outras formas de relação social dentro e fora da escola.

            Depois da análise do artigo de Arnaldo Pinto Júnior, pude perceber através das aulas “Temas de Sergipe II” ministradas pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa uma a proximidade entre Aracaju (objeto de estudo das aulas) e Sorocaba ambas possuem semelhanças. Assim como aconteceu em Sorocaba, os intelectuais de Aracaju influenciados pela Bela Époque implantaram um modelo de civilização baseado no desenvolvimento industrial, onde os índios e os negros não eram mão de obras qualificadas para o trabalho. Além disso, tornaram a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju, como uma mudança para o progresso, tornando Aracaju a cidade da prosperidade assim como o centro urbano de Sorocaba.



 Imagem retirada do site: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2006/ju318pag10a.html
* Acadêmico do curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe

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