*Gladston Oliveira dos Passos
JUNIOR, Arnaldo Pinto. As potencialidades da história local para a produção de conhecimento em
sala de aula: o enfoque do município de Sorocaba;In: História: Área do conhecimento. Ano 1, nº 3, 2001, pp. 37-40.
Arnaldo
Pinto Júnior inicia o seu artigo com uma epígrafe de Sérgio Buarque de Holanda
do livro Raízes do Brasil, que evidencia a implantação, ou pelo menos, a
tentativa de implantação da cultura europeia no Brasil. Na introdução do
artigo, Arnaldo desabafa acerca das ideias hegemônicas que circulam com
desenvoltura em diversos meios sociais, porém sem um questionamento efetivo,
pois para ele as singularidades individuais e coletivas de regiões
desvalorizadas por uma história geral são extintas por concepções
uniformizadoras. Essa história geral elimina as especificidades da história
local e tornam as versões dominantes as únicas existentes.
É a
“morte” da história local que faz com que haja um distanciamento entre os
alunos e os temas estudados em sala de aula, além da falta de contato entre sua
cultura. Arnaldo utilizou aspectos como a construção de imagens fantásticas
pela mídia ou pela indústria do entretenimento para reforçar esse
distanciamento, ou seja, muitos alunos se sentem mais próximos das praias da “Barra
da Tijuca”, das “Avenidas de Nova York”, do que dos lugares em que eles moram.
Diante disso, Arnaldo esclarece o objetivo do seu artigo, que é discutir
algumas práticas instituídas no ensino de História que reproduzem uma visão
tradicional da disciplina, propondo uma abordagem que não esteja vinculada ao
estudo histórico único e verdadeiro, ou seja, discutir as potencialidades da
história local para o ensino fundamental e médio.
Para
Arnaldo, a elaboração de trabalhos históricos locais desmitifica teorias e
conceitos
universalizantes, destruindo visões homogeneizadoras. Esse trabalho
ele só terá fundamento se tiver memórias locais, essas, enriqueceram as
análises. A partir daí, Arnaldo utiliza Sorocaba, a sua especificidade, para
apresentar uma proposta de ensino de história voltada para a recuperação das
experiências vividas nesse município, e a modernidade da mesma como tema a ser
discutido.
A
questão da modernidade em Sorocaba remete a um discurso da Manchester Paulista
onde Sorocaba encontrava um atalho para um futuro promissor, pois o centro
urbano era defendido pelas elites intelectuais e econômicas da época como um
espaço de prosperidade, onde deveriam ser instaladas as novas técnicas
industriais que seriam aplicadas para o “bem de seus habitantes” e para o
conhecimento de São Paulo e do Brasil. Porém há contradições nesse discurso da
Manchester Paulista industrial, empregadora, facilitadora de vidas, ela também
reafirmou a discriminação dos negros e do trabalhador nacional das tecelagens
da cidade, para manter as estruturas socioeconômicas e culturais do período
imperial.
Arnaldo
ressalta que questionar os documentos em relação à modernidade sorocabana pôde
revelar como esse discurso elitista foi introduzido e na prática de pesquisa,
os alunos procurariam levantar documentos locais e as memórias de pessoas que
vivem na cidade para cruzar as “evidências” encontradas durante o trabalho de
busca. Os alunos envolvidos nessa pesquisa estariam aptos a observar o presente
e o passado sem as “verdades” das representações definitivas.
Na
conclusão, Arnaldo acredita que o estudo da história local, a recuperação de
suas memórias coletiva e o trabalho com documentos históricos podem favorecer o
processo de ensino e aprendizagem, construindo outras formas de relação social
dentro e fora da escola.
Depois
da análise do artigo de Arnaldo Pinto Júnior, pude perceber através das aulas “Temas
de Sergipe II” ministradas pelo Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Sousa uma a
proximidade entre Aracaju (objeto de estudo das aulas) e Sorocaba ambas possuem
semelhanças. Assim como aconteceu em Sorocaba, os intelectuais de Aracaju influenciados
pela Bela Époque implantaram um modelo de civilização baseado no
desenvolvimento industrial, onde os índios e os negros não eram mão de obras
qualificadas para o trabalho. Além disso, tornaram a mudança da capital de São
Cristóvão para Aracaju, como uma mudança para o progresso, tornando Aracaju a
cidade da prosperidade assim como o centro urbano de Sorocaba.
Imagem retirada do site: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2006/ju318pag10a.html
* Acadêmico do curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe
* Acadêmico do curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Sergipe
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